segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Pra que leiam a minha desesperança. Ela veio, mas já passou, no entanto que saibam que ela veio, feroz e tomou conta de mim, me fez ficar possesso ou deprimido, me fez ficar aqui, parado e impotente e me fez querer voar para bem longe de tudo que é grosseiro. Ñão acreditar, não crêr no que ainda é possível foi demais para mim. Derrubar um sonho, arrancar a esperança da alma, petrificá-la. É isso que eles fazem com a criança que habita em nós, porque infelizmente já não existe mas esperança no coração deles. E por isso choram, e por isso gritam e fazem-nos pensar que tudo é assim mesmo. Acreditam-se imagem a ser seguidos. Não há nada mais a fazer, não é mais possível mudar. E aquilo que é de pedra continuará pedra. É preciso estar atento e forte, muito atento e forte para poder continuar vivo.

terça-feira, 28 de outubro de 2008



Quanto a mim, acredito que as ações sejam aquelas bem simples, cotidianas. Aqueles pequenos atos de dignidade como não chegar atrasado ao trabalho por preguiça ou descaso; aquele ato do fazer e do olhar cotidiano para o outro que realmente envolve amor e transformação nossa e do outro. Aquela atitude de indignação frente a um professor ou um funcionário que exerce qualquer função, por seu desleixo ou descaso quanto a sua obrigação. Acho que contribuir com o sonho humano é viver cotidianamente a busca deste sonho, é preocupar-se sempre em dar o melhor de si onde quer que estejamos e fazer o melhor, seja o que for. Estar presente aqui e agora, olhar o sonho humano como consequencia do nosso ato cotidiano acredito que é contribuir decisivamente na construção de um mundo melhor. Acho que olharmos para nos mesmos, vermos o que fazemos em nosso cotidiano criticamente, buscar integridade entre o que pensamos e o que fazemos é transformar todo o mundo que nos circunda. Ser a própria mudança, sentir-se crescendo a cada passo na construção do sonho humano é expor para o mundo ao redor a possibilidade. Ser uma metamorfose ambulante, buscar caminhos novos, alterar rotas, ser um mutante e mostrar que assim se vai sim, é o melhor meio de contribuir, acredito. Em toda nossa história, já está gravado que a mudança acontece externamente mas o palco interno é o mesmo. Quantas vezes já repetimos este refrão? Como diria Caetano Veloso "será que esta minha estúpida retórica terá que soar por mais zil anos?" Acredito que é na nossa prática cotidiana, no nosso alegre fazer cotidiano que podemos construir este sonho humano. Não é uma questão de retórica, é uma questão de atitude, de simplesmente ser o sonho, vivenciá-lo nas suas possibilidades, ser criativo. Não basta culpar o governo, o Estado, o partido de oposição, o outro. Isto é pouco, é pobre, é apenas uma parte. Ser a mudança, exercer o direito de viver o sonho humano, por mais que ainda precário, é um direito nosso. Tornar nosso ambiente de trabalho melhor é um direito nosso, viver agora da melhor forma possível é um direito nosso, praticar os primeiros degraus desse sonho é uma possibilidade, uma corajosa possibilidade. Vamos ser, portanto, o sonho agora em construcão. Vamos fazer e ser o possível, não vamos simplesmente sonhar e deixar-nos vagar por ai em um mundo vazio e sem sentido, não vamos ser esquizofrênicos, divididos entre o ser e o estar. Vamos juntar as partes, ser um só, uma só realidade, o sonho em construção. A cabeça, os membros, o corpo todo em um só ato, o ato da transformação, da criação, da vivência de uma nossa possibilidade, de uma nova realidade. Inverter o olhar, olhar para o aqui e agora, aliás nem olhar, ser o aqui e o agora. Projetar e executar ao mesmo tempo, ser o escritor e o livro, o sonho e o ato. Navegar é preciso dizia o poeta, viver não é preciso. E eu cá com meus botões digo sim ao poeta que escreve em vida que navegar é preciso. E talvez seja mais que preciso. Talvez seja uma necessidade urgente, uma construção humana urgente. Necessário dizer chega de jogarmos para o futuro as possibilidades de vida inteligente. Sejamos inteligentes agora, aqui, neste pequeno rincão que é Seabra, nesta pequena escola que é o Letice ou o Ivani Oliveira. Sejamos inteligentes transformando para melhor porque sonhamos com o melhor, porque queremos o melhor, porque somos melhores. A cada dia a cada passo, refletindo sempre, meditando sempre, acreditando na possibilidade, sendo esta possibilidade, se unindo no sonho, sendo o alicerce deste sonho, dando a vida pelo sonho porque ele é a viagem, a navegação dita pelo poeta. Viver não é preciso, aliás é estorvo, um mal, um atavismo que se inscrustou nas estruturas internas da psique humana e dilacera a alma. Navegar é preciso, viver não é preciso. Mudar o mundo não é retórica, é possibilidade, envolve ação, desejo de viver plenamente o que se é, gôsto por si desvendar, e gostar de alegria e folia. Tantos professores que se "puxam" em seu cotidiano, nem um riso, nem um gesto de criatividade, nenhuma vontade própria, nenhum fazer livre de pressão, nenhuma demonstração de amor pela vida, nenhum agradecimento. Apenas a aposentadoria, apenas o ato final, o da despedida, sem ter nada a dizer a não ser um rancoroso adeus por tanto tempo perdido. E não são só os professores, mas profissionais de todas as especialidades. Como fazer para contribuir para que o sonho humano aconteça? Tão fácil, tão simples. Apenas um ardente desejo de viver a vida com o olhar de uma criança. Apenas o ardente desejo de ser mais feliz, de agradecer por tudo, pelo mundo vasto e belo. Uma vez John Lennon disse: você pode dizer que eu sou um sonhador, mas eu não sou o único, espero que algum dia você se junte a nós e o mundo será este sonho. Tudo depende do gesto, do olhar correto para a direção certa e a direção correta é o nosso interior. O que estou fazendo? Estou feliz com o que faço? são perguntas fundamentais para tornar o sonho realidade

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Tempos de renovação


Na nau dos insensatos existem muitos aquarianos de coração. O mundo está em uma profunda mudança, só não vê quem é cego. O mundo está girando a uma velocidade sem precedentes. Nínguém mais tem a verdade, ela se dissipa no horizonte das incertezas. Estamos vivendo um novo "Renascimento", um momento de profundas mudanças de paradigmas. Nova forma de se pensar o mundo, de se colocar no mundo. Milhões não estão entendendo nada e se encontram perdidos neste amálgama de idéias e apelam para velhos padrões na esperança de encontrar conforto e chão onde pisar, não entendem que o velho está dando lugar para o novo que é necessário que o velho morra para o novo nascer. E ele nascerá como sempre fez, trazendo novas esperanças, novos sonhos, novas possibilidades para uma raça toda especial que está apenas no início de sua jornada rumo a felicidade. Nós ainda teremos paz e sabedoria nesta terra dos homens.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Uma resposta a um amigo




Geralmente se ouve dizer: aos políticos a política; aos espiritualistas as coisas do espírito. Porém, nada mais enganosa que esta afirmação. O ser humano não é dividido em departamentos, ele é tanto o céu quanto a terra; matéria e pensamento; abstrato e concreto; vida e morte; o agora e o sempre.
Infelizmente, no decorrer de nossa história, fragmentamos nosso ser e passamos a nos comportar como se fossemos seres ou apenas dos céus (e então os espiritualistas se escondem nas montanhas), ou apenas da terra (e nos transformamos em acumuladores frenéticos de bens materiais, como que viciados no verbo ter).
É preciso que compreendamos, que o caminho é para a unidade e que a espiritualidade que tanto buscamos indo aos mosteiros, fazendo yoga, meditação, etc, não está em discordância com questões concernentes a melhora do padrão de vida social, o que implica dizer que não está fora da batalha da discussão sociológica por uma comunidade mais justa e igualitária, mas muito ao contrário, nosso aprimoramento espiritual está intrinsecamente vinculado a melhora da qualidade material de toda a sociedade humana o que corresponde ao grande plano cósmico evolucionário do espírito.

Gurdjief - Abra os olhos

Acorde, abra os olhos, ouça, cheire, sinta, prove, toque, viva.Você não pode passar sua vida dormindo. Ao seu redor, trabalhando incessantemente estão as forças que geram e sustentam sua vida. Como você pode ser cego a estas grandes forças, como pode perambular pela vida num sonho, como o tolo da carta de tarot, que está tão mergulhado no sono que nem mesmo sabe que está perdendo suas calças?A cada hora do dia, o drama cósmico se desenrola diante de você. Uma interminável série de transformações acontece diante de seus olhos, as sementes se transformam em plantas, as flores em frutos, as plantas em animais, o lixo em solo. Cada planta, cada animal, as nuvens, o sol, o oceano podem contar estórias sobre si mesmo, se você quiser ouvir. Parando de sonhar e despertando, você virá a ser aquilo que se imagina que o homem seja; os olhos e os ouvidos de Deus, ou se prefere, uma parte da consciência do cosmos.

Pesquisa científicas comprovam importância da meditação



Os resultados de mais de 600 pesquisas científicas sobre os efeitos da “Meditação” realizadas em mais de 30 países nos melhores Institutos de Pesquisas da Europa e EUA, tais como, Science, Scientific American, The Journal of Physiology podem ser sintetizados da seguinte forma:

Fisiológicos:
Produz sistematicamente ondas de baixa freqüência e sincronicidade cerebral. Redução da taxa metabólica e um estado de relaxamento profundo que rejuvenesce e normaliza o funcionamento do sistema nervoso e imunológico. Promove o controle da Hipertensão Arterial e a redução, em até 87,3%, das doenças do coração.

Psicológicos:
Redução da ansiedade, nervosismo, agressividade, inibição, depressão e Irritabilidade, promovendo maior estabilidade emocional, autoconfiança, energia, criatividade, espontaneidade e a redução de todas as doenças de origem psicossomáticas.

Sociológicas:
Aumento de satisfação e desempenho com mais estabilidade e eficiência, melhora a qualidade do relacionamento entre colegas de trabalho, com os superiores e na família, promovendo relações interpessoais mais sólidas e agradáveis.

sábado, 11 de outubro de 2008


É de manhã, seis horas. Acordei. Os pensamentos ainda vêm à cabeça de forma lenta e imprecisa. Ainda estou me desvencilhando do relaxamento provocado pela noite de sono. Estirando o corpo, espreguiçando. Neste momento, vou lentamente me levantando e indo para algum espaço de casa onde possa sentar-me confortavelmente, de preferência sobre uma almofada. Coloco uma música bem suave e com volume baixo em meu aparelho de som, fecho os olhos e passo a ser observador de mim mesmo. Agora vou observar o maravilhoso silêncio interno que reside em mim.
Começo observando os batimentos cardíacos. A quantas anda meu coração? Sinto o meu coração. Depois vou percebendo a respiração: o ar penetrando pelas narinas, preenchendo os pulmões e saindo novamente, bem docemente. Depois procuro sentir os pés e as plantas dos pés; será que elas estão bem? Depois as pernas, a parte interna das pernas; estarão elas tensas? As coxas, os músculos das coxas; como os sinto? O abdômen, sinto relaxando; o tórax, o quanto ele pode estar tenso ou não; a garganta: estará ela arranhada ou não? Os ombros, estes carregam um enorme peso; estarão tensos? (normalmente os ombros guardam muita tensão); os braços, solto-os, deixo-os bem a vontade; as mãos, afrouxo as mãos; os dedos das mãos, relaxo-os bem; e por fim a cabeça, sinto-a bem leve e tranqüila. Tudo isto sem esquecer da respiração. A música me conduz. A atenção e o relaxamento simultaneamente sempre presentes em mim. Neste momento não mantenho nenhuma preocupação. As imagens vêm a mente, os pensamentos também vem, permito-os chegar e permito-os irem embora. Não me fixo em nada. Muitas imagens e pensamentos virão. Deixo-os vir e deixo-os partir. Em certos momentos, sinto o silêncio, o profundo silêncio que existe bem dentro de mim, uma enorme paz e uma sensação de que sou uma pequena parte deste todo da criação, uma pequena partícula, mas uma partícula da maior importância porque é parte integrante de todas as coisas vivas que habitam este planeta, um só corpo, irmanado dentro de um mesmo divino projeto da criação.
Faço isto durante uns 15 a 20 minutos todos os dias e sinto uma qualidade nova brotando no meu ser, uma mudança na vida, uma nova alegria de estar vivo a partilhar a beleza da criação com todos os outros seres que habitam este nosso belo planeta. Obrigado Osho, por ter me mostrado isto.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Não entendi

Muito estranho. Há pouco houve um encontro no centro educacional com o tema democracia, desenvolvimento e direitos humanos, superando desigualdades e quase ninguém apareceu por lá. O que se passa com os intelectuais da terra, com os professores, com os politicos e com os candidatos? Será que o assunto não merece a atenção? Talvez porque a questão dos direitos humanos aqui em Seabra seja coisa coisa superada. Todos aqui são respeitados: não temos problemas de fome (o que é um direito do cidadão), não temos problemas na educação, com a segurança pública, com a moradia, enfim, nós cidadãos seabrenses não temos estes problemas que são coisa da gentalha de lá do terceiro mundo. Cá nós estamos no primeiríssimo mundo. deve ser isso que todos estão pensando. E haja correr atrás de voto em Outubro.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Um telefonema de alegria

Hoje tive a grata satisfação de receber um telefonema de uma jovem me dizendo que leu meu livro "Elias em a fábula do castelo" e diz ter se apaixonado. Em suas próprias palavras, "adorei o livro, me ajudou muito a compreender um monte de coisas". Fiquei feliz sim por receber este telefonema porque o texto atingiu o objetivo ao qual se propôs. Elias é um conto, uma fábula, um livro que pela linguagem nos leva ao mundo da fantasia que por sua vez nos conduz a reflexões abertas sobre muitos aspectos da vida. Meu intento foi justamente atingir os jovens, fazê-los refletir sobre algumas questões que considero relevantes para o momento atual. Agradeço portanto a jovem leitora e espero muitos telefonemas deste tipo me comunicando como foi sentida a viagem do burrinho Elias.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

A Escolha

Como você faz para escolher seu candidato? Será que você o escolhe pela cor dos olhos ou dos cabelos? Será que é pelo que ele fala? Pela voz macia e que promete? Será que é pelo dinheiro que possui? Pelo seu empreendedorismo? ou será que você simplesmente olha a foto na hora h e escolhe, sem nenhum critério? Pois eu lhes digo que para escolher um bom candidato não há fórmula mágica alguma, o risco de se colocar lá um picareta sempre existe, no entanto é possivel minorar as possibilidades de erros. Por Exemplo vendo sua trajetória política, sua história de participação na comunidade, sua posição política ao longo da vida. É possível também observar qual o seu patrimônio para que saibamos, caso ele venha a ganhar, com quanto entrou e com quanto vai sair, é controlar seu patrimônio. É preciso observar sua história, sua capacidade de combate frente o tanto que tem a enfrentar para colocar seus projetos na prática.
Um abraço a todos.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Palestra sobre hábitos alimentares

Estive hoje em uma palestra muito interessante sobre alimentação e saúde. Muito interessante. Você sabia que de sua alimentação depende sua saúde? Por exemplo, em minha experiência como professor, vejo tantas crianças e adolescentes com dor de barriga, dor de cabeça, nauseas, espinhas no rosto e etc, e essas são pessoas que usam comer demasiadamente doces, principalmente o pirulito. Desde cedo, quando chegam à escola já se encontram com eles na boca. Ora, o dito cujo é só açucar cristalizado, corante, e outros produtos quimicos nocivos à saúde. E os estudantes nem percebem que suas dores e mazelas provem de sua péssima alimentação. E pasmem, até sua capacidade de aprendizagem fica comprometida. É mole?
Gente, vamos refinar os hábitos alimentares. É uma questão de saúde.
Abraços.

domingo, 3 de agosto de 2008

Osho- Sobre o vegetarianismo

Amado Osho, por que todos seus discípulos são vegetarianos?
Meus discípulos são vegetarianos não como um culto, não como uma crença, mas porque suas meditações os tornam mais humanos, mais do coração, e eles podem perceber toda a estupidez que é matar seres sensíveis para comer. É a sensibilidade deles, a consciência estética que os tornam vegetarianos. Não ensino o vegetarianismo, pois ele é um sub-produto da meditação. Sempre que a meditação aconteceu, as pessoas se tornaram vegetarianas, sempre, por milhares de anos. Os jainistas são vegetarianos há milhares de anos. Você precisa saber que todos seus 24 mestres vieram da casta de guerreiros. Todos eles comiam carne; eles eram guerreiros profissionais. O que aconteceu com essas pessoas? A meditação transformou toda a visão delas. Não apenas suas espadas caíram de suas mãos juntamente com seu espírito guerreiro, mas um novo fenômeno começou a acontecer: um tremendo sentimento de amor para com a existência. Elas se tornaram absolutamente unas com o todo, e o vegetarianismo é apenas uma pequena parte dessa grande revolução. O mesmo aconteceu com o budismo. O cristianismo, o islamismo e o judaísmo não são vegetarianos pela simples razão de que essas religiões nunca se depararam com a revolução que a meditação traz. Elas nunca se deram conta da meditação. O vegetarianismo não é minha filosofia, mas simplesmente um sub-produto. Não insisto nele, mas insisto na meditação. Seja mais alerta, mais silencioso, mais alegre, mas extasiado e encontre seu centro mais profundo. Com isso, muitas coisas seguirão por si mesmas e, vindo por si mesmas, não há repressão, não há luta, não há esforço, não há tortura. Para mim, a meditação é a única religião essencial, e tudo o que segue é virtude, pois vem espontaneamente. Não tenho nada com o vegetarianismo, mas sei que, se você meditar, crescerá em você nova perceptividade e sensibilidade e você não poderá contribuir com a morte de animais. Há milhões de pessoas que nunca pensaram no vegetarianismo. Desde a infância elas contribuem com o assassinato de animais. Isso não é diferente do canibalismo. E, desde Charles Darwin, é um fato absolutamente científico que o ser humano evoluiu dos animais; então, você está matando seus próprios antepassados, e os devorando com alegria. Não faça algo tão maldoso!A meditação lentamente lhe traz de volta sua sensibilidade, e essa sensibilidade torna meu povo vegetariano. Isso é um ganho, e não uma perda. A humanidade perdeu seu coração, e precisamos trazê-lo de volta a todos que o desejam. Esse é o significado do meu sannyas.
From Death to Deathlessness, capítulo 32, questão 3

Meditação

Quando você estiver se sentindo feliz, amoroso, desprendido - esses são os momentos certos, quando a porta está muito próxima. Quando as pessoas estão infelizes, ansiosas, tensas e nervosas, com muita freqüência elas tentam a meditação - mas assim é difícil entrar. Quando você estiver se sentindo ferido, raivoso ou triste, lembrará da meditação, mas isso é praticamente ir contra a corrente, e será difícil. Quando você estiver se sentindo feliz, amoroso, desprendido - esses são os momentos certos, quando a porta está muito próxima. Apenas uma batida será suficiente. Repentinamente em uma manhã você está se sentindo bem, e por nenhuma razão visível. Algo deve ter acontecido fundo no inconsciente, algo deve ter acontecido entre você e o cosmos, alguma harmonia; talvez tenha acontecido à noite, no sono profundo. Pela manhã você está se sentindo bem; não desperdice esse momento. Alguns minutos de meditação valerão mais do que dias de meditação quando você está infeliz. Ou, de repente, à noite na cama, você se sente à vontade... ambiente aconchegante, o calor da cama... Sente-se por cinco minutos, não desperdice esse momento. Uma certa harmonia está presente - use-a, embale-se nela, e essa onda o levará para longe, mais longe do que você poderia ir por conta própria. Aprenda a usar esses abençoados momentos. OSHO

Eleições

As coisas começam a esquentar. Comites eleitorais, passeatas, carros de som, propaganda. O povo só olhando, espectador das movimentações. Em todas as cidades do Brasil é assim: Rochinha e Zé de Amélia. Centenas de candidatos a vereança. Em que direção estarão olhando? Em direção ao bolso da calça ou para o horizonte a sonhar com uma cidade melhor? Os cargos políticos são tentadores: Poder, prestígio, grana, tudo o que o ego mais necessita para se fortalecer. E ego significa obscurecimento daquilo que é real, significa o fortalecimente do eu, do meu, do ter meu, do obtuso foco nas pequenas coisas em detrimento do que é essencial: o amor pelo conhecer, o amor pelo belo, o amor pelo amor, o amor. E o amor é compartir e o compartir nada tem de meu, de eu, mas sim daquilo que é nosso, respeito pelo que é vosso e pelo que é de todos. Bem aventurados os loucos pela vida porque é deles o reino da terra. Terra que é de todos, patrimônio geral da humanidade, direito inalienável do ser humano.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Certos dias

Certos dias chego a descrença. Olho ao redor e me sinto só. Um nó na garganta desponta solitário. A alma tensiona e a expressão emudece. Certos dias a prática diária da meditação não consegue espantar o fantasma da descrença em um mundo melhor. O ser humano parece que não quer mudar. Olho e as vezes vejo que é tão simples, uma questão de postura, vontade de querer ser melhor, ter um mundo mais justo, mais tranquilo e mais alegre. E se perguntarmos, todos querem isso. Mas ninguém acredita, ninguém percebe que é só ser. Tem dias que a solidão bate em minha porta eu atendo e a deixo entrar. Que dificuldade, que dificuldade entender que não é preciso ser assim, que não há necessidade de sofrer, que é preciso apenas ser. Toco em um ombro e ele está mudo, longe, absorto nas telenovelas de seu próprio dia. Não consegue ver mais nada, só a carne que precisa comprar, só o sapato que vai usar. Dias de frio, são dias de frio e fazem a gente pensar sobre as questões todas da vida. Sim, todas as questões da vida. O que é feio ou bonito, o que é bom ou mal. Se nascemos para ser feliz, por que então sofrer? Que opção burra meu deus. Que opção mais despropositada. Olho para os rostos e lá dentro da pele vejo lágrimas embora perceba o canto do pássaro lá no alto do arvoredo. Sinto que só a morte irá redimir tantos e tantas. Mas nascerá outros tantos e tantas e o mundo continuará a passos de cácago em direção ao paraíso que de tão longe tão poucos percebem. Meu deus, a ganância cega e cega os seres que não enxergam a abundância que se espalha por toda parte, fruto da criatividade humana, fruto do labor e muita dor. Mas já basta! Há um homem aqui dentro que diz que já chega, já é hora de olhar a cara de tudo e dizer é agora, é o salto que tem que ser dado, é o momento de ser feliz de criar o paraíso hoje. Oh! Mas como sou estúpido por não ter paciência e levar a vida andando e olhando para o sal da terra.

Eleições

Os comícios começaram. Muita gente olhando o acontece. Os ventos estão soprando cada vez mais fortes. gente, vamos ficar de olho nos candidatos. Não se deixem iludir, não se guiem pelas amizades, não esqueçam que o que está em jogo é o futuro desta cidade. Precisamoss eleger o que há de melhor. Precisamos mudar os ventos na direção de uma cidade mais limpa, mais humana, mas carinhosa, mais bonita e sobretudo mais justa. Nós moradores daqui merecemos isto.Um abraço a todos.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

REPÚBLICA MACUNAÍMA

1889. Nascia a República no Brasil, sob um discurso moralista e transformador, que deveria estabelecer a ordem e o progresso onde reinava o atraso monárquico. E nasceu tosca, através de um golpe, ao trotar de tropas militares, tramada sem a participação do povo (ora, o povo...). Ao povo se forçou a entendê-la, aceitá-la, a acatá-la. Não necessariamente nessa ordem. E de um governo dito provisório, dois anos depois o marechal Deodoro da Fonseca se fez presidente, através das primeiras “eleições”. Eleito, em 9 meses renuncia, é substituído pelo vice, Floriano Peixoto, que o fez através de (mais) um golpe, pois não poderia assumir, segundo dizia a constituição que meses antes jurara respeitar, já que a renúncia de Deodoro se dera a menos de dois anos de governo. Governou tão duramente que ganhou o titulo de Marechal de Ferro.

1894: Do Exército, ou da Marinha, se esperava um novo golpe nas eleições, golpe que não veio, pelo menos de onde se esperava. Assumiria o primeiro presidente civil do Brasil, Prudente de Moraes, que iniciaria um novo ciclo de governos... e golpes. Aliando-se os dois mais ricos estados brasileiros de então, Minas Gerais e São Paulo, ou melhor, os seus fazendeiros mais poderosos, estes se revezaram inescrupulosamente no poder durante 36 anos, através da mais criminosa máquina eleitoral que o Brasil conheceu. Implantou-se a “degola”, a pura e simples impugnação dos opositores, o voto de cabresto, impuseram-se os coronéis, os currais eleitorais, a Política dos Governadores, a política “café-com-leite”. Montou-se uma estrutura viciada que garantia que os poucos cidadãos que votassem, cerca de 5% da população, elegessem exatamente quem os grandes cafeicultores queriam: um dos seus.

1930: Washington Luis trai o acordo e apóia outro paulista e não o já indicado colega mineiro. O racha político deu espaço a um militar sulista na disputa eleitoral: Getulio Vargas. Candidatou-se e como era oposição, não foi eleito. Não foi eleito mas tomou posse mesmo assim, através de... um golpe. E eis novamente um militar no poder, através das armas. E armas, Vargas usou muitas, de diversos calibres, uma em especial, o populismo, aliado a um discurso moralizante. Bem, quando o discurso falhava, acionava a repressão e pronto. Como todos que usurpam o poder, disse que ficaria por pouco tempo. Ficou quatro anos. Ao fim destes, se auto proclamou presidente por mais quatro, num arranjo, num artifício (ou golpe) constitucional. Ficaria até 1938, mas...

1937: Vargas, alegando proteger o país de uma “ameaça comunista”, proclama estado de sitio dá novo golpe, cria o Estado Novo e se faz presidente vitalício. E enquanto o mundo respirava aflito, vendo crescer os discursos e atos de Hitler e Mussolini, Vargas namorava com a ideologia faci/nazista. E o fazia, falando em moralidade... Por pouco não entramos na II Guerra do lado errado e por pouco Hiroshima poderia ter sido aqui. 1945 foi o túmulo de vários ditadores, inclusive o de Vargas. Mas ele voltaria em 1950, desta vez pelas urnas que tanto repudiara durante 15 longos anos. Em 54, uma bala no peito tiraria sua vida e o lançaria para a História. E seguiram-se 10 anos de tumultuadas eleições.

1964: março não trouxe apenas as águas fechando o verão. Trouxe também de volta os homens de verde e seus brasões, coturnos, cassetetes, baionetas, fuzis e porões. E o mesmo discurso salvador. Os tanques nas ruas no dia 1º de abril diziam ser verdade o que muitos, mas não todos, desejavam que fosse apenas mais uma brincadeira de mal gosto, algo comum no “dia da mentira”. O Brasil, a República, assistiam a mais um golpe na democracia, golpe que duraria duas longas décadas.

1985: quando os militares deixaram o poder, deixaram para trás o que deixa todas tragédia: sonhos e seres destroçados, famílias incompletas, muitos mortos, outros tantos desaparecidos. Mas eis que a duras penas, qual fênix, ressurge a Democracia e o povo pode novamente exercer o sublime ato da eleição. Mas o primeiro civil após 21 anos de chumbo militar, foi eleito de forma ainda indireta. E não assumiu. Morreu dias após sua posse. E deu-se mais uma caprichosa sina de nossa História tupinquim: a elevação dos vices ao cargo maior da nação.

1990: voltamos às urnas. E se fez o carnaval...

A questão é: isso tem significado realmente alguma coisa? Ao voltarmos nossos olhos, na atualidade, para um congresso que tem 25% dos seus parlamentares sob os olhares da justiça, por envolvimento com contravenções que vão desde a compra de votos, a associação ao narcotráfico; de prevaricação, a homicídios; ao vermos eleitos tantos nomes de conhecida má reputação, de discutível confiabilidade ou clara incompetência (quando não tudo isso junto); quando vemos serem reeleitos nomes que do poder já foram expulsos por crime de lesa pátria; quando vemos tantos criminosos se esquivando da justiça através de artifícios como o foro privilegiado, instrumento instituído em causa própria, quando vemos tanta lama saindo dos partidos, tanta leviandade nas entrelinhas dos discursos proclamados, tantos discursos claramente mentirosos, tantos réus no poder legislativo, impossível não nos perguntarmos: O processo eleitoral, a democracia, tem funcionado em nosso país? Mais: terá a República e a Democracia de fato algum dia existido nesta nação de Macunaímas? Ou o que assistimos nada mais é do que um teatro bufão a enganar uma nação inteira, que orgulhosamente se diz ou se pensa ser republicana?

A palavra República vem do latim res publica, e significa “coisa pública, aquilo que do povo deriva, emana, que ao povo pertence, que ao povo retorna, que do povo, de sua vontade soberana, é constituída, aquilo que, indistintamente, ao povo serve”. Vivemos numa republica de fato? Ou o que temos é uma tirania disfarçada, numa sucessão de (dês) governantes de caráter reprovável a perpetuar uma herança em forma de maldição moral que nos persegue talvez desde os idos de 1139, lá quando o português Afonso Henrique degolou o seu primeiro desafeto em busca de seu reino, na sua saga para tornar-se Afonso I, o primeiro rei do que seria Portugal? É bom lembrar: Henrique conhecia Maquiavel antes mesmo deste existir. Não empunhava somente a espada para governar, também manejava graciosamente outra arma afiada... a política. E ao que parece o desvio de caráter de D. Afonso norteou a história portuguesa e por conseguinte a de suas colônias, como o Brasil, do período colonial à Republica.

E assistimos hoje novos senhores feudais a disputar ou a defender seus reinos, ou os seus tesouros. Aliás, da União. Assistir ou ler aos jornais nessas últimas décadas tem se tornado algo no mínimo bizarro no Brasil. Para além da violência social que impera, impera também um cortejo de desfalques, de desvios, de jogatinas políticas, de roubos milionários sem fim, envolvendo o erário público e de quem dele deveria zelar. Não é de hoje que se faz de pouco rogada em meter as patas no que é da Nação, toda uma corja de criminosos disfarçados de sindicalistas, diretores escolares, vereadores, prefeitos, governadores, deputados, senadores, ministros, presidentes... Basta para isso que se faça ocupante de um cargo público com poderes administrativos ou que se possa aproximar de alguém que o seja. E desfila sobre nossos olhos um cortejo de fraudadores engravatados, de forjadas licitações, de empresas fantasmas, de intermináveis laranjas, de superfaturamentos de obras, de obras faraônicas que mesmo pagas nunca ou mal saem do chão, de contas bancárias em paraísos fiscais, de gente que vende a Amazônia ou outras riquezas nacionais ao capital estrangeiro ou que sem o menor pudor rouba verba destinada à comida de crianças carentes nas escolas públicas país a dentro, que destina outros milhões à uma vida humilhante nas inúmeras favelas abandonadas pelo Estado, ou à morte deprimente nos corredores de hospitais imundos, infectos, superlotados, sem médicos, sem esparadrapo, sem soro, sem esperança, sem nada.

Como não ficar indignado com o que se tem feito da democracia, da República, no Brasil ao longo de nossa história, desde os idos de 1889? Como não ficar enojado todos os dias, e em especial a cada quatro anos quando nos deparamos com aquele ser metido numa roupa fina, de sorriso largo numa face amistosa, de fala mansa ou teatralmente potente, a nos pedir o voto, nos prometendo, em troca, fazer do nosso inferno o paraíso e sumindo no dia seguinte a eleição, para retornar quatro anos mais tarde? Como não sentir nojo de gente que não se envergonha de destinar à frustração uma multidão de trabalhadores que precisam fazer malabarismos para sobreviver honestamente por 30 dias com um salário de fome, enquanto eles destinam a si mesmos salários momescos que sofrem correções constantes, segundo seus próprios critérios de justiça salarial? Como não se indignar ao se pagar tantos impostos escorchantes, sendo cobrados como se vivêssemos na Europa, mas vivendo como estivéssemos na África subsaariana?

O que nos choca, ou a alguns pelo menos, é ver-se a possibilidade de se colocar em cheque um sonho tão caro à raça humana, a dignidade alcançável através de preceitos como República e Democracia plena e de fato, pela ação inescrupulosa de alguns tantos, que não são barrados em seus atos, que quando barrados não são (muitas vezes) devidamente punidos, que quando punidos, muitas vezes são julgados por seus iguais e não raro, logicamente, absolvidos.

Teoria da conspiração à parte, vê-se criar no Brasil um perigoso terreno que já foi usado outras vezes por grupos de extrema direita, mundo afora, em diversas épocas da História, que embasados num discurso moralizador e salvacionista, derrubaram o Estado de Direito e estabeleceram um Estado de Exceção, denegrindo conceitos como Democracia, usando um discurso onde ela e a República seriam mostradas como uma fraqueza institucional, uma anomalia que gera ou favorece a corrupção e o caos social, uma doença para a qual bem se conhece a cura: uma cirurgia a base da espada. Grande parte dos ditadores que a História já conheceu, de Nero a Hitler, de Mussolini a Stalin, sem esquecer os que deram o golpe em 1964 no Brasil, alegavam sempre alguns pontos capitais para justificar seus pensamentos e atos: que o caos exige a ordem; que o estabelecimento da ordem exige alguns sacrifícios; que num governo forte reside a moralidade e a justiça; que elas só sobrevivem num sistema centralizador; que o papel de um governo forte é apena estabelecer a ordem, a paz; que sua função é ser apenas organizador e transitório...

2008: novas eleições. Você já escolheu em quem votar?

Josafá Santos
Historiador, Esp. em Educação
josafasantos@yahoo.com.br

04.07.2008
Vit. Da Conquista, BA

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Eleições- Cuidado!

Entramos em uma nova etapa, a etapa das eleições. Uma etapa muito importante e perigosa para as almas despreparadas. Por favor, estejam atentos em quem vocês vão votar, olhem bem seus candidatos, não votem por amizade, por empregos, por migalhas, sejam ricos, afortunados, sejam honestos, dignos da criação de uma nova era. O mundo está mudando e nós é que o estamos mudando. Só depende de nós, do enriquecimento de nossa consciência. Fiquem atentos, percebam o que já foi feito neste anos todos e lembrem-se que a maioria dos políticos profissionais são a pior espécie de pessoas porque sugam desbragadamente o sangue de toda uma coletividade. Votem com muito cuidado e não caiam no canto das sereias

quarta-feira, 9 de julho de 2008

EU QUERO TRANSFORMAR O MUNDO

Já ouvi muitas vezes pessoas me perguntarem ou afirmarem, em tom irônico, a partir de ouvirem minhas convicções políticas, científicas ou filosóficas se eu quero mudar o mundo. Minha resposta é e sempre será que sim. Sim, eu quero transformar o mundo. E não só quero, eu efetivamente o transformo.
Penso que a maioria das pessoas também querem, mas no entanto, não acreditam nem por um instante sequer que assim o podem fazer. Não percebem que historicamente o mundo vem mudando e quem o muda é a ação humana. É a ação cotidiana de cada um que o transforma ou o mantém do jeito que está.
Karl Marx nos ensina que é o desenvolvimento das forças produtivas que impõe as transformações sociais e que a luta de classes é o motor destas transformações. Em um dado momento, as forças produtivas sociais se vêem impedidas de se desenvolverem devido às relações sociais que se verificam no interior do processo produtivo, pois estas obstaculizam este desenvolvimento. E por isso isto fazemos mudanças sociais.
Isto significa dizer que durante toda nossa história viemos evoluindo mas que esta evolução independe de nossa própria vontade, é uma lei do desenvolvimento social. Ainda segundo Marx, o comunismo seria uma conseqüência natural do desenvolvimento social e este seria uma etapa mais avançada do nosso processo de humanização.
Pois bem, a União Soviética se mostrou um fracasso e todos os países comunistas fracassaram no seu intento. Qual o grande erro não visualizado por Marx?
A mim parece que uma mudança com a extensão que Marx preconizava, necessitava também de uma transformação humana em profundidade. E profundidade para mim significa assumir toda e qualquer responsabilidade por tudo, absolutamente tudo, que acontece a nossa vida pessoal e em nosso meio social. O mundo não é assim como está por um acaso qualquer, mas porque nós, seres humanos, ainda nos arrastamos na inconsciência de nossos atos. Ainda não percebemos que fazemos parte de uma cadeia organicamente constituída onde cada folha que cai de uma árvore, produz mudanças na grande teia da vida, embora sejam estas mudanças imperceptíveis para nossos olhos despreparados. Ainda vivemos na ignorância da separatividade pensando que somos seres individualizados e que nossos atos são isolados e não se refletem na cadeia planetária e universal. Apesar da dialética nos ensinar que tudo se relaciona e termos hoje a prova científica de um universo sistêmico, isto é, constituído de vários sistemas interdependentes, continuamos a ignorar este postulado e recusamo-nos a caminhar em direção a uma vida mais saudável, mais racional, mais equilibrada e mais consciente.
Sim, nós podemos transformar o mundo, mas para isso é preciso que cresçamos em propósito, que cresçamos em consciência, que de fato acreditemos nesta possibilidade de mudarmos nossa própria vida agora, neste instante, subvertendo valores retrógrados que não mais correspondem a uma era plena de amor como a que se avizinha. Ë preciso que compreendamos que o nosso mundo individual, nosso mundo interno, a forma como sentimos o mundo, determina de certa maneira, o mundo exterior. Ë preciso, em outras palavras, vivenciar o amor para que ele efetivamente exista ao nosso redor. E somente através desta vivência, através de muitas vivências positivas, poderemos ter um mundo completamente novo. Simplesmente acredite nesta possibilidade e veja o que acontece.

sábado, 5 de julho de 2008

quarta-feira, 2 de julho de 2008

PROVÉRBIOS CHINESES

1. "A quem sabe esperar o tempo abre as portas."
2. "Antes de começar o trabalho de modificar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa."
3. "Bondade em balde é devolvida em barril."
4. "Quem quer colher rosas deve suportar os espinhos."
5. "Temos UMA boca e DOIS ouvidos mas jamais nos comportamos proporcionalmente."
6. "Jamais se desespere em meio às mais sombrias aflições de sua vida, pois das nuvens mais negras cai água límpida e fecunda."
7. "Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: aflecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida."
8. "Não há que ser forte. Há que ser flexível."
9. "Nada assenta melhor ao corpo que o crescimento do espírito."
10. "Quem a si próprio elogia, não merece crédito."
11. "Todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje."
12. "A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?"
13. "Aquele que pergunta, pode ser um tolo por cinco minutos. Aquele que deixa de perguntar, será um tolo para o resto da vida."
14. "Se parares cada vez que ouvires o latir de um cão, nunca chegarás ao fim do caminho."
15. "Um pequeno vazamento eventualmente afunda um grande navio."

UM CONTO SUFI


Um regato, vindo de sua fonte nas longínquas montanhas, passando por todos os tipos e espécies de regiões, finalmente alcançou as areias do deserto. Da mesma forma que atravessou todas as outras barreiras, tentou atravessar esta também, mas se deu conta de que ao entrar em contato com a areia, suas águas desapareciam. Estava convencido, contudo, que seu destino era atravessar este deserto, mas não havia como. Uma voz oculta, vinda do próprio deserto, sussurrou: “o vento atravessa o deserto e da mesma maneira o regato pode fazê-lo”. O regato objetou que estava investindo contra a areia e tudo que obtinha era ser absorvido; que o vento podia voar e por isso podia atravessar um deserto.“você não pode atravessar abrindo caminho de sua maneira costumeira. Você ou desaparecerá ou se tornará um pântano.Você precisa permitir que o vento o carregue a seu destino”. “Mas como isso pode acontecer?” “Permitindo-se ser absorvido no vento”. Essa idéia não era aceitável para o regato. Afinal de contas, ele jamais fora absorvido antes. Ele não queria perder a sua individualidade, e uma vez perdida, como saber se ela poderia um dia ser readquirida? “O vento”disse a areia, “executa esta função. Ele ergue a água, carrega-a sobre o deserto e então a deixa cair novamente. Caindo como chuva, a água de novo se torna um rio”. “Como posso saber que isso é verdade?” É assim, e se não acreditar, você não poderá passar de um lamaçal e mesmo isso poderia levar muitos e muitos anos; e certamente um lamaçal não é o mesmo que um regato”. “Mas não posso permanecer o mesmo regato que sou hoje?” “Em nenhum dos casos você pode permanecer assim”, disse o sussurro. “Sua parte essencial é levada para longe e novamente forma um regato.Você se chama pelo que você é hoje porque não conhece qual é sua parte essencial.” Quando ele ouviu isso, certos ecos começaram surgir em seus pensamentos. Vagamente, se lembrou de um estado no qual ele - ou seria uma parte dele? - foi erguido nos braços de um vento. Lembrou-se também - será mesmo? - que esta era a coisa real, mas não necessariamente o óbvio a ser feito. E o regato ergueu seu vapor nos receptivos braços do vento, que gentil e facilmente o transportaram para cima e adiante, deixando-o cair suavemente tão logo eles alcançaram o topo de uma montanha, muitos quilômetros além. E porque teve suas dúvidas, o regato foi capaz de se lembrar e gravar mais fortemente em sua mente os detalhes da experiência. Ele refletiu: “Sim, agora descobri minha verdadeira identidade”. O regato estava aprendendo. Mas as areias sussurraram: “Sabemos, pois vemos isto acontecer todos os dias; nós, as areias, nos estendemos da margem do rio até a montanha”. E é por isso que se diz estar escrito nas areias o caminho pelo qual o curso da vida deve continuar sua jornada.
Extraído do livro A sabedoria das areias de Osho

terça-feira, 1 de julho de 2008

MEDITAÇÃO

A meditação, uma prática milenar utilizada cotidianamente no Oriente, é cada vez mais reconhecida no Ocidente e cada vez mais respeitada, tanto nos meios científicos quanto médicos, como um instrumento que tráz benefícios tanto físicos quanto emocionais para quem a pratica regularmente.
Pesquisas apontam que a pessoa que pratica meditação, possue maior resistência às doenças, desenvolve maior auto-controle, aumenta a auto-estima, melhora a capacidade da memória, intensifica a inteligência aumentando a capacidade de aprendizagem, produz maior relaxamento físico, o que torna a pessoa mais tranquila para enfrentar os desafios cotidianos, dá maior capacidade de discernimento para tomar decisões, enfim, produz uma série de benefícios tanto nos campos físico, quanto mental, emocional e espiritual.
Vários hospitais, hoje, introduzem técnicas de meditação diária para pacientes com diversos problemas entre os quais, os cardíacos e para situações pós-operatórias na qual o paciente precisa ficar em estado de relaxamento e repouso. Executivos de vários empresas, hoje, utilizam a meditação para permanecerem em estado de alerta e centramento de que precisam para tomada de decisões. Terapeutas de um modo geral se utilizam da meditação como instrumento para obter progressos com seus clientes e cada vez mais, pessoas das mais diversas áreas praticam em suas casas ou centros, técnicas de meditação que ajudam a desenvolver maior capacidade para viver seu dia-a-dia com mais paz, harmonia e inteligência.
A tensão, proveniente da carga horária estafante do trabalho, em muito seria diminuida, senão extinta, caso a prática da meditação fizesse também parte do cotidiano daqueles cujo fazer diário é fonte de tensão e stress. A meditação hoje, portanto, não se restringe àqueles que seguem uma veia mística/espiritual, mas sim, atinge a todos que desejam melhorar sua qualidade de vida, tanto no que se refere a melhora de sua produtividade no trabalho, quanto na sua vida diária.
Firdauz

MEDITAÇÃO


P e s q u i s a s c i e n t í f i c a s c o m p r o v a m a im p o r t â n c i a d a M e d i t a ç ã o

Os resultados de mais de 600 pesquisas científicas sobre os efeitos da “Meditação” realizadas em mais de 30 países nos melhores Institutos de Pesquisas da Europa e EUA, tais como, Science, Scientific American, The Journal of Physiology podem ser sintetizados da seguinte forma:
FISIOLÓGICOS:
Produz sistematicamente, ondas de baixa freqüência e sincronicidade cerebral. Redução da taxa metabólica e um estado de relaxamento profundo que rejuvenesce e normaliza o funcionamento do sistema nervoso e imunológico. Promove o controle da Hipertensão Arterial e a redução, em até 87,3%, das doenças do coração.
PSICOLÓGICOS:
Redução da ansiedade, nervosismo, agressividade, inibição, depressão e Irritabilidade, promovendo maior estabilidade emocional, autoconfiança, energia, criatividade, espontaneidade e a redução de todas as doenças de origem psicossomáticas.
SOCIOLÓGICOS
Maior satisfação e desempenho com mais estabilidade e eficiência, melhora a qualidade do relacionamento entre colegas de trabalho, com os superiores e na família, promovendo relações interpessoais mais sólidas e agradáveis.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

A NAMORADA



“Sonhar o sonho verdadeiro não é apenas deixar a imaginação ir-se solta pelo ar a perder-se por entre as nuvens de outros sonhos em diletante sonhar. Não! Sonhar o verdadeiro sonho é transformar o objeto de nosso desejo em caminho a caminhar até a exaustão. É traçar rota, a melhor possível, para a materialização do sonho sonhado. Um sonho é uma esperança, uma idéia, é éter, vapor e pode diluir-se no momento seguinte em frustrações, ansiedades e cansaço. Sonhar assim, não é ter bons sonhos, é desperdiçar energia e acordar cansado, muito cansado de sonhar.”
Diego leu o texto novamente e fez uma pausa para reflexão. Olhou para o teto decidido e em seu olhar via-se firmeza, muita convicção e coragem. O coração sangrou de vontade. Era o que precisava fazer. Arriscar. Era preferível a continuar do jeito que estava. E o caminho ele sabia qual era. Ali, perto de sua casa, a algumas quadras. O problema todo era ter coragem para enfrentá-lo. Ergueu-se da cama e saiu porta a fora. Os passos eram seguros, firmes, diria até, másculos. Dobrou a esquina da Rua Esperança e encaminhou-se para a casa dela. O dia cheio de sol lhe dava vigor, o sopro do vento fazia seus cabelos encaracolados balançarem dando-lhe aquele frescor de juventude. Ainda distante o percebeu varrendo o pátio. Ele, todo autoritário, dono do mundo e de suas possessões. Um rei em seu pequeno feudo. A barriga proeminente, coberta por uma camisa caseira, debruçava-se por cima da bermuda vermelha e deixava apenas levemente se perceber o grosso cinturão que usava. Aquele fivelão dos anos setenta. A barba por fazer e o cabelo desgrenhado aumentava-lhe ainda mais o aspecto arrogante de brutamontes. A impressão que Ele passava era de que varria o pátio na esperança de que alguém viesse lhe dizer alguma chacota sobre o trabalho caseiro que fazia para violentamente pular no pescoço do gracioso e lhe aplicar vários safanões. A vassoura em suas mãos mais parecia uma arma em vez de um instrumento de limpeza.
Diego tremeu nas bases mas não recuou. Foi em frente. E a cada passo que dava seu coração acelerava-se ainda mais. Batidas violentas, o coração ia pular pela boca. O suor começou a escorrer pelo corpo. Os olhos fixos como de um autômato. Foi atravessando a pequena praça que o separava de seu objeto de desejo. Passou o primeiro banco fixado em frente a uma pequena árvore e logo após o outro que estava fixado mais adiante e onde ele alguns dias atrás a viu pela primeira vez. Estava sentada, linda, os olhos apontados para o céu que viam nuvens transformando-se ora de um peixe para um carneiro, ora de um homem para um elefante. Apaixonou-se a primeira vista. Aproximou-se dela, os olhares se tocaram e começaram a conversar. A conversa transformou-se em namoro as escondidas, em pequenos e rápidos encontros furtivos. E agora ele queria sair com ela mais livremente. Queria poder abraçá-la, levá-la ao cinema, sair com ela, passear de mãos dadas. Mas o pai, oh, o pai. Ela o dizia muito brabo, difícil de lidar. Pouco conversava com ela que não tinha coragem para lhe contar a cerca do namoro. Ele estava decidido a encará-lo, ir a sua casa e pedir para livremente namorar a filha. Ele quinze anos, ela catorze. Olhou mais uma vez para aquele homem, sentiu um calafrio e atravessou a rua em sua direção. O coração disparou, tropeçou em alguma coisa inexistente, suou frio, mas levantou a cabeça e com uma força que não sabia de onde vinha falou para o homem:
-Bom dia, posso falar com o sr.um instante?
-Sim, o que deseja?
-Meu nome é Diego e sou estudante. Conheci sua filha e gostei dela, ela gostou de mim. Queria que o sr. deixasse a gente namorar. Falou assim franca e secamente.
Ele olhou para o rapaz com os olhos claros e tranqüilos e puxou um pouco a bermuda que apesar do cinto, ameaçava cair. Apoiou-se no cabo da vassoura. Diego imaginou que ia levar uma vassourada na cabeça. Tremeu um pouco por sua ousadia.
-Angélica! Gritou o pai lá para dentro da casa.
-Quer dizer que o sr. quer namorar a minha filha? Perguntou o homem.
-Sim, respondeu Diego, com a garganta seca como se estivesse há dias atravessando o mais seco dos desertos.
Angélica chegou à porta e quase tem um desmaio quando vê Diego na porta de sua casa. O rosto pálido parecia um melão maduro. Parecia que ia desmaiar. Os olhos titubearam, uma mancha lilás apareceu em frente a sua vista.
-Angélica, disse o pai, este rapaz veio aqui para pedir para namorar você. O que você tem a me dizer?
A voz por um segundo desapareceu. Olhou para Diego que apesar da paralisia conseguiu dar uma piscada com o olho esquerdo em sua direção. O coração palpitou, a voz conseguiu soltar-se da garganta, e disse:
-Só tenho a dizer que gosto dele sim, pai. Posso namorar ele?
E a resposta do pai foi simples, direta e estonteante para ambos:
-Sim, não há problema. Pode entrar rapaz.

Dhyan Firdauz

quinta-feira, 26 de junho de 2008

NOSSA HISTÓRIA

Um planeta é um enorme corpo celeste, um corpo que existe no espaço sideral povoado de milhares de outros corpos celestes.
Entre tantos, existe um planeta peculiar chamado terra onde vivem milhares de espécies diferentes e dentre estas espécies, uma chamada humana. Uma espécie muito particular que se desenvolveu em vários lugares deste planeta criando por isso uma enorme diversidade cultural, uma história diferenciada. História esta cuja expansão individual de cada etnia que se formou, cruzou-se com outras etnias e outras culturas gerando um enorme drama, uma trama existencial tipicamente humana cheia de guerras, desejos, cheia de amor e de ódio.
Os diferentes povos se encontraram, trocaram, comercializaram, aprenderam uns os costumes dos outros, assimilaram, enriqueceram-se culturalmente, sofisticaram-se.
Algumas etnias simplesmente deixaram de existir, foram exterminados ou transformadas a partir do processo de miscigenação.
Algumas se dedicaram a desenvolver armas para a caça e o combate em um meio ambiente hostil, outros se dedicaram a agricultura desenvolvendo a arte de cultivar e arar o solo, outros se dedicaram mais as artes e ciências e outros ainda ao comércio e a navegação.
Surgiram muitos homens especiais chamados magos, bruxos, xamãs, videntes e profetas que anunciaram novos tempos e criaram religiões, que temeram e adoraram deuses os mais diversos que através dos homens, lutaram e guerrearam entre si.
Houve amores e paixões, traições e ambições que devastaram impérios e arruinaram povos, por vezes levando-os a extinção.
Nasceram líderes, que conduziram seus liderados, por vezes, a vitória e a glória e por outras a derrota e a destruição.
O fato é que todos em seu conjunto, construíram e até agora constroem, uma história que não se sabe para onde vai, qual o nosso destino, o que realmente queremos.
Este cruzamento de etnias chama-se história humana, e é esta história, que se desenvolve neste corpo celeste chamado terra, que se desenvolve aqui e agora, que tentamos compreender para assim podermos decifrar a nós mesmos hoje, para podermos alterar, caso assim o desejemos, os perigosos rumos que estamos tomando.
Por que foi desta forma e não de outra forma que se deu esta nossa história?
Será que realmente está em nossas mãos a possibilidade de alterar nossa história enquanto raça humana?
Muitas são as perguntas que ainda temos de responder.
E isto é uma questão de sobrevivência.

Elias em a fábula do castelo


Este é um livro para se refletir sobre o nosso papel no mundo. O que estamos fazendo aqui? O que somos? O que queremos? O que estou fazendo de minha vida?
A história de um burrinho que deseja conhecer a si mesmo. Sair por aí atrás da verdade. Onde será que vamos dar? O burrinho se arrisca e caminha por uma estrada cheia de surpresas maravilhosas. Você se arrisca a encontrar a felicidade?
Um livro que você começa a ler e só para quando chega ao fim. Fim? E tem fim?
Uma leitura comovente, intrigante, que nos leva a reflexão sobre o sentido da vida.

A Iniciação, diário de uma viagem a Índia


A Iniciação foi o meu primeiro livro. Nele faço um relato de minha viagem à Índia. Durante seis meses vivi naquele país em um asharan do mestre Osho. Uma experiência fantástica, transformadora.
a Iniciação é um convite que faço as pessoas para irem até Poona, onde fica a comunidade do mestre, e vivenciarem o maravilhoso que ali acontece.
Não é possível ficar indiferente. Uma enorme transformação acontece e o coração se abre para o inominável.
Leia o livro e tente ficar indiferente.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Sobre Dhyan Firdauz

Nasceu em Belém do Pará no ano de 1956 sob o signo de Touro. Desde cedo interessou-se pelo contato com os livros. Trabalhou com arte na educação e literatura infantil e coordenou projetos que visavam a criação pelo gosto da leitura na criança.
Formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Pará, é professor de Sociologia e História.
Viajou desde cedo pelo Brasil e por outros países, morando no extremo norte do país, Porto Velho, Rondônia, passando pelo Sudeste Belo Horizonte e no Nordeste, em Salvador e Chapada Diamantina, Mucugê e Seabra, onde reside hoje.
No exterior viveu por seis meses na cidade de Poona, Índia, em um Asharan (comunidade onde recebeu seu nome espiritual- Dhyan Firdauz); nos Estados Unidos da América viveu por quatro anos (Nova Iorque e Boston), e percorreu durante 40 dias o Norte da Espanha, realizando a pé o Caminho místico de Santiago de Compostela.
Tem três livros publicados: “A Iniciação, Diário de Uma viagem à Índia”, onde faz um belo relato sobre sua viagem à Índia; “O Buscador” realizado em parceria com o artista plástico goiano Pirineus de Sousa, um livro de textos leves com belas pinturas de Pirineus não mais disponível; e “Elias, em a Fábula do Castelo” , livro este dedicado ao público juvenil contando as aventuras e desventuras de um burrinho que deixa sua casa em busca de autoconhecimento.
Firdauz considera-se um humanista e empenha-se pela paz mundial no âmbito de sua realidade.Considera seus livros parte de seu trabalho neste sentido.
Atualmente atua como professor de História e Sociologia além de realizar grupos de meditação e de jogar tarô de auto-ajuda.

Esperança

Mesmo que o dia escureça
Mesmo que o chumbo cubra meu céu
Mesmo que o peito se comprima em lágrimas
Ainda assim a esperança
Uma fagulha que seja
Permanecerá presa nas cavernas do coração.

Mesmo que o caminho desapareça sob os pés
Mesmo que os sentidos não consigam perceber
Mesmo que a alma se perca na escuridão
Ainda assim a presença de vida
Far-se-á sentir nos gemidos
Nascidos da alma ferida.

Mesmo que a ferida esteja aberta
Mesmo que a fenda no peito seja profunda
Mesmo que não haja mão amiga a vista
Ainda assim haverá o contato
Do que resta da alma
Afagando as chagas da dor

Mesmo que não tenha mais nada
Mesmo que tudo me seja saqueado
Mesmo que nem um banco de praça reste
Ainda assim lembrarei que tudo passa
Que a dor consome a si mesma
E a luz pode alcançar o ser

Mesmo que não haja mais possibilidade
Mesmo que não tenha mais solução
Mesmo que a vida esteja por um único fio
Ainda assim ela estará por um único fio
O suficiente para segurar
A estrela que brilha no céu.

E a luz se fará
E nós veremos um novo mundo novo
Renascido das cinzas
Bem de dentro de nós
De nossa própria dor.

Firdauz, 29/06/2007

A inteligência e as outras dimensões do humano

Somos tão inteligentes, tão dinâmicos, tão espertos... e no entanto, não conseguimos ver a destruição que ocorre em todos os pontos do planeta e bem ao nosso redor. E não conseguimos perceber que essa destruição afeta a nossa vida. E não conseguimos entender que a nossa vida é apenas um projeto de outros que organizam a nossa vida.
É bom sabermos que a inteligência é um dom muito louvável no ser humano, mas é bom sabermos também que é apenas uma dimensão da nossa existência, não a única e talvez nem a mais importante. Outras dimensões fazem parte de nosso ser: os sentimentos, a sensibilidade, a intuição, o inconcebível. Estas talvez sejam partes bem superiores no ser humano. Seguramente são bem mais antigas. E são estas outras dimensões que foram “esquecidas”, sublimadas, em função desta nova dimensão surgida a tão pouco tempo no ser humano, entre 100 e 600 mil anos atrás, e que tanta falta faz a nossa civilização. São estas outras dimensões que são responsáveis pelo afeto, pelo respeito, pela ética, pelo carinho, pelo cuidado para com o outro, pelo amor, pelo nosso deslumbramento diante deste tão maravilhoso mundo. São estas dimensões que nos permitem amar, querer nossos filhos, sentir o desejo de brincar com nossos filhos, construir belos rituais para louvar o desconhecido. São também responsáveis pela beleza da solidariedade frente às vicissitudes alheias e são elas que nos permitem viver uma vida prazerosa e bela. Segundo o biólogo Humberto Maturana, o processo de hominização ocorrido com o antropóide deu-se exatamente em função da capacidade deste de compartilhar e amar os seus e a seus filhotes como nenhuma outra espécie de antropóide existente o fez. Foi o processo de compartilhar, cuidar e amar que deu espaço para o desenvolvimento da inteligência no ser humano.
Então por que nossas escolas são voltadas apenas para a dimensão do mental, a dimensão invasiva, fria, calculista?
Provamos no decorrer destes milhares de anos que esta dimensão sozinha não é capaz de nos trazer paz e alegria. Provamos que atribuir a responsabilidade de nossa vida e desenvolvimento apenas a dimensão da inteligência é catastrófico para a vida humana a nível individual, coletiva e para todas as espécies vivas do planeta. Se olharmos para o que construímos com nossa capacidade mental, sem dúvida veremos maravilhas: desvendamos a estrutura do átomo; fomos ao espaço; descobrimos a lógica do funcionamento do corpo humano; desvendamos certas leis da natureza que nos permitiu multiplicar por milhares de vezes a produção agrícola, etc; construímos lindas habitações individuais e coletivas; desenvolvemos belíssimos instrumentos musicais e criamos a fantástica arte do cinema, etc; mas fomos incapazes de parar de gerar dor, morte e destruição provenientes de nossos próprios atos políticos. Tornamo-nos cada vez mais incapazes de frear a máquina de guerra destruidora que nosso gênio mental inventou e perdemos a capacidade de amar, respeitar o próximo, termos sentimentos profundos e nos tornamos cada vez mais fúteis e insensíveis ao sofrimento do outro. Nossa comunidade não é mais uma comunidade pois não conhecemos nosso vizinho. O amor tornou-se uma mercadoria e o sonho, a intuição, o deslumbramento com o mundo que nos rodeia foi dando lugar à preocupação exacerbada para com o dia de amanhã.
Uma mente fria, calculista e individualista apossou-se de todas as outras dimensões que compõe o ser humano. Por que nas escolas, além do ensino da utilização da mente não se ensina a beleza da gentileza, a leveza da poesia, a sutileza da sensibilidade, o deslumbramento frente ao insondável e maravilhoso mistério da vida? Por que não se ensina a amizade, o companheirismo, a solidariedade, a alegria de se estar vivo e por isto mesmo com possibilidade de desfrutar a vida?
Será que a única resposta que temos para esta questão é que pelo desuso perdemos estas outras dimensões que compõe o que chamamos de humano?

Dhyan Firdauz- 30/05/2007