Conta-se que certa vez um homem feriu a perna e teve de andar de muletas. Essas muletas lhe eram muito úteis, tanto para andar como para muitas outras coisas. Ele ensinou toda sua família a usar muletas, elas se tornaram parte da vida normal. Ter uma muleta ficou sendo parte da ambição de cada um. Algumas eram feitas de marfim, outras enfeitadas com ouro. Escolas foram abertas para treinar o povo no seu uso, cadeiras de universidades receberam doações para tratar dos aspectos mais elevados desta ciência.
Umas poucas pessoas, muito poucas, começaram a andar sem muletas. Isto foi considerado escandaloso, um absurdo. Além do mais, havia tantas utilidades para as muletas!
Alguns replicaram e foram punidos. Tentaram mostrar que uma muleta poderia ser usada algumas vezes, quando necessário; ou que os muitos outros usos das muletas poderiam ser resolvidos de outra maneira. Poucos ouviram. A fim de superar os preconceitos, algumas das pessoas que podiam andar sem este suporte, começaram a se comportar de forma totalmente diferente da sociedade estabelecida. Ainda assim, permaneceram poucas.
Quando foi descoberto que, tendo usado muletas por tantas gerações, poucas pessoas, de fato, podiam andar sem elas, a maioria “provou” que elas eram necessárias. “Aqui”, disseram, “aqui está um homem- tentem fazê-lo andar sem muletas. Vêem? Ele não consegue!”
“Mas nós estamos andando sem muletas”, lembraram os que andavam normalmente.
“Isto não é verdade; é meramente uma fantasia de vocês”, disseram os aleijados, porque à esta altura eles estavam também ficando cegos - cegos porque não podiam ver.
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