segunda-feira, 22 de março de 2010

DESÂNIMO

Estou tão desanimado
Tão cansado
Tão descrente
Principalmente quando olho
Para meus dessemelhantes
E vejo em seus olhos
Um aparelhinho de televisão

Vejo que as cores são superficiais
Vejo que a voz é impostada
Vejo que a vida é um se arrastar
Debruçado em algum item vendido
Pelos aparelhos de imagem e voz

E a vida vai rolando item atrás de item
Moda atrás de moda
Criadas num moto contínuo inexorável
A conduzi-los feito gado
Não,
Feito feras autoflageladas
Flagelando crianças que nascem livres

Feito uma favela cercada de repórteres
Por todos os lados
Anunciando, anunciando, anunciando
Ad infinitum.

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