Esta é a Era do pragmatismo. A Era da ação prática, qualquer que seja ela para se atingir os fins desejados. O que importa é viver o agora sem medir as conseqüências, sem sonhar ou ter projetos que visem o bem comum.
O importante é o ter agora, consumir o máximo possível, aproveitar, gozar a vida segundo certos padrões duvidosos espalhados a três por quatro pelos meios de comunicação. O importante é comer muito, é vestir o mais diferente e caro possível, é transar com mil homens ou mil mulheres e em situações as mais exóticas possíveis, é ter mansões e sonhar com o carro mais caro possível.
Não importa o outro! O que tenho eu haver com o outro? Cada qual vivendo sua vida como deve ser. Não me importa se o outro sente dor na alma ou no corpo, não me importa o outro, o que importa sou eu, esta ilha cercada de gente distante de mim por todos os lados. Todos são desconhecidos e meus concorrentes. Concorrem e querem meu emprego e minha mulher, o meu dinheiro e minha casa, o meu carro e até minha alegria. Tenho que viver em uma redoma de vidro para me proteger dos outros, meus dessemelhantes.
Esta é uma Era sem sonhos e sem esperanças, o fim de um paradigma, a morte de Shiva. Nas escolas nas ruas, nos campos, em todas as partes é o pragmatismo que domina, é a ação animal, desprovida de objetivos que não sejam eu próprio. A idéia neoliberal, a concorrência absoluta tomou conta de nossas mentes. O ideal é concorrer, é ver quem pode mais, é ver quem vai mais longe, é ver quem consegue mais. E diz-se que a competição, a concorrência faz parte da natureza do ser humano, como se alguém pudesse definir o humano, como se alguém pudesse dizer este é o ser humano.
Não, na verdade o ser humano é um eterno vir-a-ser, é um eterno projeto se autoconstruindo, mudando, transformando a si mesmo em seu processo de construção da vida. Já mudamos muito, experimentamos muito no correr de nossa história e continuamos experimentando. Este momento é apenas uma passagem, um momento nosso, um erro do qual devemos tirar aprendizados para não repeti-los no futuro, assim com tanto já erramos no passado.
Um dia, quando acordarmos, vamos ver que estávamos no caminho errado, que não somos uma ilha, mas sim uma rede de relações que se interconectam como se interconectam os fios invisíveis da Internet, vamos ver que somos dependentes uns dos outros, que fazemos parte de um mesmo universo de colaborações mútuas. Vamos perceber que não podemos viver sozinhos, que os animais, os vegetais e os minerais são parte de nossa estrutura físico-molecular e que neles estão contidos os mistérios necessários a nossa saúde psíquica e física e vamos perceber que a vida é constante transformação e que a nós foi dado o dom de perceber essas transformações. Há que chegar o momento de percebermos que nós temos o privilégio de ser o elo de ligação entre as coisas do céu e da terra, que a nós foi dado raízes e asas, e que nos cabe cuidar amorosamente desse pequeno pedaço de terra que gira infinitamente no espaço sideral.
Um dia nós vamos acordar. Eu sei disso. Você sabe disso. Muitos já sabemos disso.
Por que não abrir os olhos?
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