Certo dia estava conversando com um amigo e ele me dizia que com a vida corrida que levava, não lhe sobrava tempo para meditar. Que achava muito importante a meditação mas ainda não lhe restava tempo para praticá-la. E eu pensava que com certeza, enquanto ele não entendesse realmente o significado da prática da meditação para ter uma vida melhor, jamais ia ter tempo para praticá-la.
Damos prioridade àquilo que consideramos mais importante para nossa vida e na escala destas importâncias, para a imensa maioria das pessoas, a meditação ou está em último lugar ou sequer entrou nesta escala.
Acontece que a prática da meditação ainda é tida apenas como uma atividade religiosa para a imensa maioria das pessoas. Alguma coisa não palpável neste nosso mundo tão pragmático. Ainda não se vivenciou a relação profunda que existe entre a meditação e uma vida mais equilibrada e venturosa.
Somos seres possuidores de um aparelho mental que é estimulado a viver vinte e quatro horas ligado e por muitas vezes, sequer quando dormimos o desligamos. A sociedade moderna estimula o funcionamento da mente a ponto de a tornar um perigo para nossa própria integridade. Quantas pessoas não conseguem dormir a noite? Quantas pessoas não falam solitariamente na rua?
Quantas pessoas não se deixam envolver por questiúnculas que acabam tornando-se verdadeiras tempestades transtornando de momento para o outro, toda uma vida? Para milhões de pessoas, a mente transformou-se em um poderoso instrumento de sofrimento e dor. É ela quem conduz quem deveria ser o condutor. Ela inventa, cria situações, compara umas pessoas com as outras, julga, muda de humor de uma hora para outra, estimula competição, declara guerra, enfim, provoca estragos àquelas pessoas que não conseguem controlá-la e por isto acabam cometendo erros atrás de erros. A meditação surge para aquietar a mente, acalmá-la, fazer dela um instrumento para nosso próprio crescimento. A meditação surge para darmos uma freada nos nossos passos e olharmos para onde estamos caminhando. Será este o meu caminho? Não terei tomado um caminho errado nesta jornada chamada minha vida? Não estarei indo em direção falsa e perigosa? O que estou fazendo de minha vida? O que estou fazendo nesse agora? A meditação surge para nos ilustrarmos quanto a nós mesmos, quanto aos nossos passos. Por isto sua prática também produz certo receio nas pessoas porque vai nos colocar frente a frente conosco mesmo. E como mentirmos para nós mesmos? Por vezes preferimos viver na mentira em vez de enfrentarmos os desafios que são nossas reais escolhas. Por vezes preferimos viver uma vida infeliz e miserável a enfrentar os perigos da busca da felicidade. Mas a vida é perigosa em si mesma, é de sua natureza o perigo. E é maravilhoso que assim seja. A meditação nos ensina a abrir os olhos para estes perigos e a amá-los.
Firdauz
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