Por paradoxal que seja estamos passando por um momento muito instrutivo neste nosso Brasil. Enquanto são denunciados centenas de casos de corrupção ativa e passiva em todas as esferas da vida política e social do país, a população, pasmada, vai tendo seu aprendizado e vendo o quanto é necessário estar alerta para não se ver roubado por aquilo que se convencionou chamar de “esperteza brasileira”ou “jeitinho brasileiro” tido mesmo como característica de nosso povo.
Já o ex-antropólogo, ex-senador da república e ex-indigenista Darci Ribeiro, nos falava da tendência histórica dos donos do poder no Brasil, em misturar as esferas pública e privada desde os tempos da colonização.
Os Capitães Donatários tinham do país, uma idéia de ser este seu próprio quintal e como eram chefes políticos, também eram os donos da máquina administrativa montada para gerir o país. Disto derivou o “apadrinhamento político”; os aliados que do Estado tudo receberiam em troca da lealdade em todos os sentidos.
Este atavismo se encontra até hoje espalhado por todo o país, mas, sobretudo, no nordeste brasileiro, onde mais se arraigou o chamado coronelismo, prática espúria e peçonhenta, devido ao abandono a que esta região se viu submetida desde quando o açúcar deixou de ser a principal fonte de renda do Estado.
Espalhou-se por todas as camadas sociais esta prática que deforma o caráter desde o guarda de transito até os mais altos cargos da república com a prática do “molha minha mão” que eu faço.
A população vê estupefata a onda corrupta acontecendo neste momento no país e eu rezo para que sinceramente a apatia a que foi lançada desde o golpe militar de 1964 e particularmente os jovens que tiveram na qualidade de sua educação a mais brutal despolitização, estejam realmente absorvendo os ensinamentos e aprendam a se indignar contra esta tão melancólica prática brasileira.
Não há mais possibilidade hoje, de vivermos em um mundo globalizado tendo posturas que correspondam a séculos passados. O mundo mudou, a população cresceu muito, o problema da fome e do meio ambiente se agravaram por mil vezes e não é tendo práticas concernentes a épocas pretéritas que resolveremos as questões que afligem a humanidade dos dias que correm. Ou nós nos transformamos interiormente, mudando o nosso foco de observação da vida, ou as chances de sobrevivência da raça humana será nula. .
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