quinta-feira, 3 de junho de 2010

Nós, vendedores

Existem no mundo, vendedores de produtos de toda ordem. Por exemplo, existem os vendedores de cosméticos ou os vendedores de armas, o vendedor de roupas ou o de sapatos; existem os vendedores de sonhos ou ilusões lançadas a esmo no ar. Existem os vendedores de drogas de toda ordem, cigarros, café, ou açúcar; cocaína, maconha ou álcool. Existem até os vendedores de luares nos encantadores saraus.

Existem os vendedores de angústia que pregam as vaidades impossíveis ou os amores eternos. Existem os que vendem os tons e os dons de nossa época tão rápida que logo dão passagem para outros que passam muito rápido também. Existem os vendedores de alma que a entregam por qualquer ninharia oferecida na vã esperança de conseguir felicidade. Existem os vendedores de tudo porque tudo é passível de compra, de venda ou de troca.

O fato é que corre no sangue da humanidade a compra e a venda, a troca, porque é do gênero humano o relacionar-se.

Eu, no entanto, me coloco como um vendedor de felicidade. A felicidade de estar aqui, de ser daqui, e de poder, vez ou outra, desprender-me de mim mesmo e voar por ares nunca dantes navegados; felicidade de me saber eterno a me buscar, experimentar ser humano.

Coloco-me como vendedor de felicidade por poder fechar os olhos e tocar na luz que fica lá nas camadas mais profundas de mim mesmo e rejuvenescer; por poder ir e voltar a qualquer lugar porque lá ficou uma paixão, ficou uma dúvida e, sobretudo, porque nasceram perguntas. Sou vendedor de felicidade porque a reconheço vivendo de mãos dadas com meu coração. Reconheço-a aqui e agora e sei das várias faces que possuem e sei também que todas são felicidade. Vendo a possibilidade de simplesmente sentar, fechar os olhos e nada fazer a não ser sentir o puro deleite que é o de me saber gente que sou.

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