sábado, 10 de janeiro de 2009

Já li muitos depoimentos com várias posições sobre a guerra Árabe-Israelense de tão antiga data. Li depoimentos cheios de emoção, depoimentos bravos e até apocalípticos. Uns posicionam-se contra os Árabes, outros contra Israel e ainda outros contra a intransigência dos dois lados, e a favor da paz. E realmente, é triste ver a carnificina que por aquelas bandas ocorre, divulgadas pelos veículos de comunicação; é triste de ver diretamente na tv, todo o horror sentido pelo povo que sofre, e pior ainda - pelo menos é o que penso - é ver os senhores da guerra discutindo em seus escritórios confortáveis os tratados que podem ou não dar fim a guerra. Ah! esses terríveis senhores da guerra (afinal, quem será que vende as armas que esses senhores usam?). Mas é também interessante perceber o quanto se tem pesos e medidas diferenciados para os sofrimentos terrenos. A globo e todas as outras emissoras e as instituições internacionais de divulgação se esmeram em colocar esta guerra em primeira página e fazem de tudo para sensibilizar a opinião pública mundial para este fato. Colocam o espetáculo da morte em nossas casas porque parece que para nós isto é um espetáculo que vale a pena ver e se sensibilizar com ele (e até parece que é recente, e até parece que é o único no mundo ou o mais terrível). E realmente encontram telespectadores ou leitores ávidos por consumir este espetáculo. Mas se é de morte que se está falando, por que não colocar o espetáculo da morte que ocorre agora no Congo, na Nigéria, no Quênia, no Sudão, Somália e em outros países da África também em nossos lares? Por que não se falar do genocídio do Tibet? Afinal, as mortes de lá talvez dê mais ibope, afinal os mortos não são contados as centenas mas aos milhares e até milhões e de crianças que morrem de fome, lentamente, talvez a pior das mortes (mas talvez eu esteja errado, os mortos de lá não devem dar ibope, não são guerras glamourosas). E por que será que ninguém fala nada disso? E por que ninguém fala nada de nossas crianças faveladas do Rio, de São Paulo, da Bahia, e de todas as grandes cidades brasileiras e dos interiores do Norte e Nordeste principalmente, que são mortas também aos poucos, também pela fome ou atingidas na alma, pela falta de esperança, pelo envolvimento com as drogas, pelo envolvimento com o tráfico, pelo roubo puro e simples, pela fome, pela carência de infância pelo confronto com a polícia? Acho que já nos acostumamos a pensar na morte ou na vida severina (como diria João Cabral de Melo Neto) de nossos jovens, porque se abrirmos o jornal são jovens na grande maioria, os presos do dia, os apanhados roubando do dia, os traficantes do dia, os assassinos do dia, etc. Nos acostumamos e não nos indignamos mais com as mortes violentas destas crianças daqui como da África, ou do Tibet, regiões que, parece, são assim mesmo. Não é? Mas, essa guerra repentina lá na Palestina, (repentina?) nos pegou de surpresa, e para não nos desabituarmos tanto ao ato cidadão da indignação, vamos nos indignar diante desta guerra e nos sentirmos mais humanos e mais cidadãos demonstrando nossa indignação. Vamos esbravejar, vamos chorar publicamente, vamos manifestar, fazer passeatas, vamos, vamos.... vamos. E lá na frente uma criança pede esmola e outra é morta pela bala perdida da guerra que há no morro do Vidigal ou no interior do Pará.

Um comentário:

  1. Gostei muito meu professor preferido
    texto muito sencibilizador

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