sábado, 15 de maio de 2010

Mente e meditação

Largar hábitos enraizados, costumes encarnados já a décadas ou mesmo há gerações, por pior que sejam, exige um esforço grande, uma vontade férrea.

É fácil criticar, diz o ditado popular, difícil é se autocriticar, ver a si mesmo avaliar-se na prática diária com o intuito de mudar para melhor.

O simples ato de chegar a um compromisso no horário marcado é difícil para muitas pessoas. Efetivar compromissos até consigo mesmo, como deixar de comer uma barra de chocolate ou batatas fritas é tarefa árdua para alguns. O que dizer então, por exemplo, de querer levar vantagem em tudo que faz; em mentir constantemente; em comer mais que o necessário; em ter mais que o suficiente; em roubar o dinheiro público que está ali em sua frente; etc?

É difícil ser honesto consigo mesmo quando existe todo um contexto global formando mentes dentro de padrões tão mesquinhos e desonestos.

Somos ensinados a pensar que este fenômeno social chamado mente é nossa essência, que nos somos aquilo que pensamos, e isso não é verdade. Nós somos muito mais do que nossas mentes.

No trabalho meditativo, aprendemos que a mente é formada dentro de um contexto social específico e que nossa essência está muito mais além e não necessita de mentiras, de desonestidades, de falsidades.

Aprendemos que temos um cérebro e este cérebro desenvolve uma mente que é um conjunto valores, de pensamentos, de padrões comportamentais segundo o contexto em que nasce o sujeito; ou seja, enquanto o cérebro é um órgão que tem origem no desenvolvimento biológico humano, a mente é produto cultural.

Todos nós somos portadores de um cérebro com as mesmas possibilidades, mas cada cérebro desenvolve uma mente que funciona segundo padrões ditados pelos costumes, pelas normas etc, e com a qual nos identificamos de tal forma que pensamos ser estes padrões e agimos de acordo a esses padrões. Ou seja, a liberdade que tanto acreditamos possuir e é símbolo da chamada democracia ocidental, não passa de um grande engodo já que nossa ação é resultante de uma mente que existe premida entre os costumes e a moral vigente.

No trabalho meditativo, aprendemos que estar em meditação é estar além do ontem e do amanhã, é estar no momento presente, pronto para uma ação efetivamente consciente, sem manipulações de uma mente carregada de memórias que em nada nos ajudam a viver o hoje.
Firdauz

Um comentário:

  1. É um manifesto de possibilidades mentais muito interessante e o que seria de nós se não fosse a utopia? Aqui pela floresta amazônica, os povos nativos ainda patinam pelo jardim da infância dessa magnífica proposta, carregando suas cruzes prá lá e prá cá, sempre esperando uma boa alma para ajudar nessa trilha rumo ao calvário de cada dia.
    De qualquer forma é sempre reconfortante sentir-se uma pedra de alicerce desse futuro onde habitarão pessoas melhores, de uma civilização onde o ser humano seja de fato, o centro das atenções.
    Um abraço. Fernando

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