domingo, 22 de maio de 2011

Plantemos jardins

Em tempos tão difíceis como esse, de guerras, fome, pobreza e má educação; em tempos de profundo individualismo, muros altos e fios elétricos a nos separar do mundo; em tempos do olhar desconfiado em direção ao outro - o que será que ele(a) quer?- e da solidão; em tempos de crianças mal tratadas por temperamentos enfurecidos pelos dias difíceis que correm; em tempos de hipocrisia, ganância e mentira por parte daqueles que se apoderaram do poder; em tempos dos desajustes sociais provenientes de imprevisíveis mudanças; em tempos de profunda concentração de renda a levar milhares à mendicância e ladroagem; em tempos de tanta fartura alimentar e pouca solidariedade; em tempos de tamanha riqueza produzida pela humanidade e ao mesmo tempo tamanha insatisfação; em tempos de fúria e medo que tomam conta de nossas cidades impondo a nós, cidadãos pacatos, o toque de recolher; em tempos de fantásticas descobertas científicas que deveriam trazer mais conforto e luz para humanidade, mas que são usadas para o gáudio de uns poucos bilionários; em tempos de secas, maremotos, terremotos, tsunames e outros desastres naturais atiçados pelas mãos humanas; eu proponho que cultivemos jardins em nossas casas. Eu proponho que flores de muitas cores assumam seus espaços nos quintais e jardins para que possam exalar seus perfumes e acariciar o coração humano. Eu proponho que toda casa tenha um canto de reflexão e meditação para que ao dele nos aproximarmos, possamos sentir o perfume da nossa interioridade, da nossa espiritualidade. Eu proponho que cada um cultive a flor maior e mais bonita de todas que mora bem no fundo de nós e que traz a fragrância do grande amor que reside dentro de todos os seres humanos. Isso porque o ser humano é a flor maior produzida em todos esses tempos de criação que existe na terra, mas é a flor mais escondida que há porque guardada dentro de uma pequena caixa que todos chamam de coração e se encontra encoberta por gerações e gerações de dores calcificadas pelo correr de tantos milênios de ignorância pelos quais passamos. E nós passamos, e nós descobrimos e fomos fundo em nosso amor, mesmo que muito escondido, quando viemos descobrindo os mistérios de nós mesmos. Mas agora sabemos, agora temos consciência que a flor que reside lá dentro, guardada no fundo do coração, é a mais importante flor, é nossa redenção, é nossa salvação, é o pináculo de nosso crescimento, é o fim da dor.
Proponho, portanto, para que consigamos retirar tantos anos de destroços que impedem nossa passagem para alcançar a flor do coração, que plantemos jardins em nossas casas de todas as cores para lentamente ir reconhecendo-as, ir tocando-lhes as pétalas, tateando-lhes a delicadeza, aprendendo com seu silencio e por fim alcancemos a flor maior do amor dentro de nós.

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