sexta-feira, 20 de junho de 2008

Esperança

Mesmo que o dia escureça
Mesmo que o chumbo cubra meu céu
Mesmo que o peito se comprima em lágrimas
Ainda assim a esperança
Uma fagulha que seja
Permanecerá presa nas cavernas do coração.

Mesmo que o caminho desapareça sob os pés
Mesmo que os sentidos não consigam perceber
Mesmo que a alma se perca na escuridão
Ainda assim a presença de vida
Far-se-á sentir nos gemidos
Nascidos da alma ferida.

Mesmo que a ferida esteja aberta
Mesmo que a fenda no peito seja profunda
Mesmo que não haja mão amiga a vista
Ainda assim haverá o contato
Do que resta da alma
Afagando as chagas da dor

Mesmo que não tenha mais nada
Mesmo que tudo me seja saqueado
Mesmo que nem um banco de praça reste
Ainda assim lembrarei que tudo passa
Que a dor consome a si mesma
E a luz pode alcançar o ser

Mesmo que não haja mais possibilidade
Mesmo que não tenha mais solução
Mesmo que a vida esteja por um único fio
Ainda assim ela estará por um único fio
O suficiente para segurar
A estrela que brilha no céu.

E a luz se fará
E nós veremos um novo mundo novo
Renascido das cinzas
Bem de dentro de nós
De nossa própria dor.

Firdauz, 29/06/2007

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