sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Mentira

Estranho ser é o humano! Primeiro porque mente sem perceber que mente, e segundo porque mente sabendo que está mentindo.
A maioria das pessoas vive enfronhada no mundo das mentiras. Uns sem o saber e outros sabendo. Uns absolutamente incapazes de perceber a si próprios, vivendo como robôs sua vida pessoal e social, não tendo noção de sua originalidade como seres humanos, e outros mentindo porque não conseguem outras estratégias mais eficazes que lhes facilitem a vida. Ambos os tipos vivem enganados e enganando os outros num jogo que os leva a um círculo vicioso sem crescimento pessoal. Ambos vivem sob espessa névoa de ilusão que não lhes permite ver o mundo mais lindo como de fato é.
Os mentirosos que não sabem que o são vivem alienados de si e do contexto em que vivem. Não percebem que sua vida e a vida de toda a comunidade dependem de sua ação individual e coletiva; vivem de assistir novelas e jogos de futebol sem se darem conta do está por trás de seu sofrimento pessoal ou de sua coletividade. Vivem no mundo da lua, dispersos e adoram receber ordens: fazem aquilo que lhes mandam fazer, não possuindo senso crítico para discutir as ordens que recebem, mesmo sendo estas imbecis.
Já aqueles que gostam da mentir, que tem a desfaçatez de mentir inclusive em público, gostam de mandar gostam de possuir tudo para si não tendo ultrapassando a fase infantil do egocentrismo. Querem sempre estar sob a mira dos holofotes e para isso inventam todo tipo de jogo, criam encenações, confusões, estorinhas infantis e até cunham mortes para conseguir o que desejam. Este tipo de mentiroso acredita que a mentira faz parte do ser humano e de todos os contextos humanos. Para ele, mentir é sinônimo de poder e glória. Nossa linhagem de políticos atual é claro demonstrativo do que digo.
O fato é que estes dois tipos de mentirosos se completam: um não pode existir sem o outro, um necessita do outro para existir. Ambos não sabem que existe uma vida muito mais intensa, muito mais rica e cheia de desafios e aprendizados quando se deixa a mentira de lado. Ambos são espiritualmente pobres porque mentem e mentem porque são espiritualmente pobres. Tenhamos, portanto, compaixão daqueles que mentem porque “eles passarão, nós, passarinhos”. (Referencia incidental ao poeta Mário Quintana.)

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