terça-feira, 28 de setembro de 2010

Aos que sabem envelhecer

Quanta liberdade vamos sentindo a medida que os anos vão se passando. Quanto prazer se sente quando nos permitimos transgredir por sermos mestres de nós mesmos.

A idade e a experiência, a vida bem vivida, trazem a sensação real de paz que se oferece no interior do ser porque nos vai permitindo viver cada dia, cada hora, no aqui, no momento, sem futuro e sem passado. A aceitação do que é, torna-nos maleáveis quanto aos erros e acertos cometidos no cotidiano; divertimos-nos mais com a vida. Vamos deixando de lado os medos que povoam os anos juvenis e avançamos muito mais profundo no desconhecido porque estamos atentos, vendo e passando por eles.

Com o juízo valorativo mais compreendido como fruto de um maravilhoso fluxo cultural, aprendemos mais fácil e mais rápido com os erros e acertos. Desenvolve-se em nós o equilíbrio, o ponto do meio, o olhar mais profundo e amoroso, e, sobretudo, o riso interior.

Deixar de ansiar e estar sempre no novo que a todo o momento acontece é viver a dinâmica do real do mundo, é estar mais irmanado a ele e, portanto, mais interativo com o mundo que acontece no agora. Deixar-se envelhecer é deixar as superficialidades de lado e mergulhar no ser, na inimaginável amplitude do ser.

Quanto mais velho fico, mais liberdade nos olhos vai aparecendo porque as cortinas do medo que antes os cobria vão desaparecendo diante da crescente compreensão dos processos internos de mim. O mundo se torna mais ilusório e mais real ao mesmo tempo porque ao perceber que é passagem é também matéria.

Se com a idade chega a fragilidade do corpo, chega também o fortalecimento do espírito, chega também um maior desabrochar da alma.

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