terça-feira, 9 de novembro de 2010

Qual é a sua religião?

Qual a sua religião, professor? Por vezes me perguntam os alunos.
Uma pergunta como essa, embora feita de maneira direta, não pode ser respondida assim de chofre. É preciso que a resposta se estenda um pouco mais.
Em primeiro lugar, contraponho a pergunta com uma outra: como exercemos nossa religiosidade?
É sabido, que todas as grandes tradições tratam a prática da religiosidade dentro da ótica da amizade, da cooperação, da pureza de intenções, do respeito ao outro ser e consigo mesmo, dentro de uma cosmovisão de paz e fraternidade.
Em segundo lugar, respondo que minha religião é a do ser, é a profundidade com que trato a mim e as coisas que existem em meu entorno. É a minha relação de reverência para com os mistérios da vida que não me cabe saber. É o respeito, crescente para com as crianças, para com os animais, para com os vegetais e para com todas as outras formas de vida que existem no planeta, já que minha convicção religiosa diz que fazemos parte de uma teia de relações onde nenhum ser é superior ao outro e todos nutrem-se, de uma forma ou de outra, de todos. E onde o ser humano, com sua enorme capacidade de refletir sobre si próprio, tem por obrigação, zelar pela manutenção e equilíbrio desta rede de vida que se interdepende.
É uma religião diferente daquelas cuja obrigação dos fiéis é apenas freqüentar em dias marcados o seu culto para logo depois, ao sair de seu templo de meditação, afogar-se novamente em más ações, em desrespeito para com o próximo e para com todos os outros viventes que compõe a cadeia de vida do planeta.
A religião na qual acredito, é aquela cuja responsabilidade pelos meus atos não podem ser depositadas nas pedras das igrejas ou no colo dos sacerdotes ou nos ombros de Deus. A responsabilidade total de meus atos recai sobre mim, sobre minha vida, sobre a vida de todos os meus semelhantes e dessemelhantes. É uma religião onde não há culpa, nem pecado, mas sim ignorância, erro, experiência, que precisa ser o tempo todo pensada e repensada e principalmente possui como lema a humildade e possui profunda esperança em uma vida cada vez mais plena.
É uma religião que não possui dogmas, mas fé, e busca constante consciência alerta. E talvez por isso, nem mesmo possa ser chamada de religião, mas de religiosidade.

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